ANBENE SE SOLIDARIZA COM O MANIFESTO DO CONSELHEIRO DA ECT - MÁRIO CÉSAR ALVES

 

 Exmos Srs. Parlamentares, colegas  e blico presente.

 

É uma honra  para um   trabalhador  do quadro própridos Correios poder contribuir nesta audiência e, ao mesmo tempo, um  grande desafio, não porque tal crise seja complexa, mas sim porque tem um  contorno bem diferente do que tem sido divulgado.

 

Os Correios possuem uma das mais nobres missões do serviço público  no mundo  e só perdem  no Brasil  para a família,  no ranking de credibilidade das instituições públicas.

 

Com infraestrutura constituída, cobrindo todo o País, faturamento anual superior a R$ 20 bilhões de reais, carteira de negócios com baixa inadimplência, praticamente sem dívidas e liderança incontestável no mercado de encomendas fracionadas, que abrange o comércio eletnico, os Correios ocupam uma posição  de destaque nos cenários  nacional  e internacional.

 

Por qual crise passaria então uma empresa dessas?

 

Até 2012, a Empresa vinha apresentando resultados financeiros positivos e crescentes, os quais chegaram a superar R$ 1 bilhão de  reais.  A  partir  daí,  a Empresa  passou  subitamente  a apresentar prejuízos.

 

Quatro fatores contribuíram fortemente para esse resultado:

 

O  primeiro deles foi o recolhimento excessivo de dividendos, que, entre 2006  e 2013,   retirou  da Empresa  cerca de R$  3 bilhões  além  do mínimo  previsto  em  lei,  uma  verdadeira “pedalada” para ajudar no superávit fiscal. A indisponibilidade de tai valores,  que, atualizados,  chegam a R$  6  bilhões, inviabilizou a realização de investimentos geradores de novas receitas além   de   comprometer parte  significativa   dos resultados anuais até então auferidos.

 

O  segundo  fator  foi  o congelamento  de tarifas,  praticado entre 2012  e 2014,  o qual reduziu as receitas de Empresa  em cerca de R$ 1,2  bilhão  de reais  e apenas subsidiou, desnecessariamente, as postagens de grandes clientes.

 

O  terceiro  fator  foi  a adoção de uma nova prática  contábil pelas estatais, por orientação do Ministério do Planejamento, para contabilização do chamado pós-emprego, a qual significou um  impacto nos resultados anuais de valor superior a R$ 1,5 bilhão de reais.

 

E o quarto fator, que potencializou os demais, foi a indicação pelo  governo de dirigentes  sem  as qualificações  necessárias para conduzir uma empresa do porte dos Correios ao longo dos últimos anos.

 

Que empresa suportaria um  conjunto simultâneo de eventos como esses?

 

 situaçã que   vivemos  hoje   nos  Correios   é,  portanto, decorrência dessas medidas adotadas pelo Governo Federal, com   fortíssimo    impacto    no resultados    e   na  própria governança da Empresa.

 

Diferentemente,  portanto,  do  que  dizem alguns,  tentando apontar como vilões o plano de saúde, os salários recebidos pelos trabalhadores ou ainda o próprio mercado, que envia menos cartas,  temonaqueles  quatro fatores mencionados anteriormente causas suficientes  para explicar  a inversão  de resultados que aconteceu nos Correios.

 

Feito o diagnóstico correto, caberia à direção da Empresa buscar fórmulas para enfrentar o desequilíbrio provocado pelo próprio   acionista primeirament apresentando a  ess as verdadeiras   causas   dess alardeada  crise,   para  que  se apurasse a responsabilidade, que seguramente não recairia nos quadros técnicos da empresa e sim no próprio governo e nos gestores por ele indicados. A partir daí, seria necessário recuperar para  a  Empres os  recursos  que   lh foram indevidamente  extraídos.  Em   seguida,  a  direção deveria pensar no plano  de ações para a busca do equilíbrio,  que passaria, necessariamente, tanto por economias em processos quanto, principalmente, pelo desenvolvimento de novos negócios.

 

Essas ações poderiam  ser  muito  bem feitas  nos Correiose contassem com o engajamento dos trabalhadores, que são os que  realment conhecem a  realidade   da Empresa.   Mas engajamento depende de liderança.

 

Dirigir  uma empresa como os Correios  é como conduzir  um imenso transatlântico. É necessário ter  as pessoas certas, devidamente  habilitadas, nos diversos  postos  de comando. Não   para ter   ali  pessoas  que  empregam seu  tempo procurando remos ou que acreditem que movimentos bruscos no leme  corrigirão,  no momento seguinte,  o rumo do navio, como aconteceria numa pequena embarcação.

 

Meu  sonho,  como brasileiro  e profissional  de carreira  dos Correios,  é ver  a gestão estratégica  da Empresa  totalmente confiada a pessoas muito qualificadas, que possam e queiram fazer diferença em suas posições. Líderes que comandem e estimulem seus auxiliares pelo exemplo, pela experiência, pelo conhecimento  e pela  capacidade  de empreender e não simplesmente porque tiveram uma boa indicação política.


 

Pessoas assim saberão valorizar as qualidades ímpares de uma organização  como   os  Correios  e jamais  se  dedicarão  a denegrir  publicamente  seus trabalhadoresseus negócios  e sua missão, provocando, com suas próprias palavras, colapsos na organização e o crescimento da concorncia.

 

Pessoas assim cuidarão bem do desenvolvimento dos Correios, utilizando plenamente as portas que foram abertas com a Lei nº 12.490/2011.

 

Pessoas assiressaltarão papel  estratégicdos Correios para o Brasil, como integrador da economia nacional, que garante o direito constitucional da universalidade do serviço posta ao cidadão,  permite  a oferta de preços  justos  de serviços de corresponncia, atua no papel de regulador de preços    no  mercado   concorrencial    de  encomendas e disponibiliza serviços de atendimento e bancários a municípios de baixa renda.

 

Por  tudo isso, senhores parlamentares, colegas e público, a única crise  que enxergo nos Correios é uma crise  de gestão, que seria facilmente vencida com rigorosa e técnica seleção de dirigentes, como, aliás, recomenda a Lei nº 13.303/2016, pois, para essas pessoas assim selecionadas, só haveria nos Correios oportunidades a aproveitar e uma nobre e relevante missão a cumprir.

 

O Congresso Nacional tem, portanto, a oportunidade de evitar a ocorrência de crises desnecessárias como esta tratada hoje. Basta recomendar máximo rigor na escolha do corpo diretivo das grandes importantes  estatais,  como  os  Correios.  O restante da história ocorrerá normalmente.

 

Marcos César Alves  Silva,

em audiência na Câmara dos  Deputados 30/05/2017

 

“A Situação de Crise na Empresa Brasileira de Correios  e Telégrafos”