PORQUE O GOVERNO FEDERAL TEM MEDO DE COBRAR DOS GRANDES TUBARÕES

Como o cidadão pode acreditar que os maiores devedores da previdência social são poderosos grupos empresariais e instituições bancárias, públicas e privadas.

Em um país que poderíamos chamar de sério, como não enxergar e aceitar porque nenhum presidente na era chamada governo civil não cobra os impostos dos grandes devedores, principalmente os devedores da previdência privada. Os grandes grupos empresariais do país, os banqueiros e o que é mais estarrecedor instituições bancárias públicas. Seria cômico se não fosse trágico, pois quando chamam o Brasil do país das bananas, da corrupção, da impunidade, determinados figurões do poder tratam logo de dissimularem e darem desculpas esfarrapadas. Os grupos poderosos, estes mesmo que devem mais um trilhão aos cofres públicos, vivem em um outro mundo às custas naturalmente da passividade do próprio povo brasileiro.

Porquê culpar os políticos? Diriam os mais céticos. Claro fomos nós mesmos que em nossa incapacidade eleitoral não conseguimos selecionar melhor aqueles que supostamente poderiam ser melhores do que aqueles que já estão aí a mais de 15, 20, 30 ou 40 anos. Os mesmos caciques, as mesmas caras, denunciados, comprovadamente corruptos e apaniguados do poder.

Num país sério, seria difícil o cidadão acreditar que os maiores devedores da previdência social são poderosos grupos empresariais e instituições bancárias, públicas e privadas. Mas parece que há coisas que só acontecem no Brasil. Os fatos falam por si sós.

No topo da lista de documento divulgado pela fazenda nacional dos 500 (quinhentos) maiores devedores do país figura ninguém menos que a JBS (maior empresa de processamento de carne bovina do mundo), acusada de misturar cabeça de porco moída à calabresa, de acordo com investigação da Polícia Federal, denominada “carne fraca”, com uma dívida de quase dois bilhões de reais.

O frigorifico Marfrig (outra empresa que também aparece enrolada na operação da Polícia Federal) vem em segundo lugar, com oitocentos e doze bilhões de reais, seguido do Bradesco (um dos vinte maiores bancos do Brasil em valor de ativos totais), com quatrocentos e sessenta e cinco bilhões. Na quarta posição, desponta a Caixa Econômica Federal (o maior banco brasileiro em valor de ativos, segundo a revista Exame), com trezentos e setenta e oito bilhões.

E aí o governo quer jogar a culpa pelo rombo no caixa da previdência nas costas de aposentados e pensionistas, quando, na prática, deveria acionar os órgãos de fiscalização contra essas empresas e instituições.

A discussão sobre a reforma da previdência vem de longe. E, o que é pior, sempre calcada na mais descarada mentira. FHC levou três anos para fazê-la. Os trabalhadores, coitados, pagaram o pato. Lula, por sua vez, seguiu à risca a cartilha de seu antecessor. Dilma não deixou por menos. Condicionou à renegociação das dívidas dos estados à implantação da reforma. Agora Temer quer completar o ciclo de desgraças. É uma verdadeira teia de dissimulações, falta de óleo de peroba com o cinismo da classe política. Senadores com mais de 80 (oitenta) assessores terceirizados, deputados com 25 (vinte e cinco) “aspones”  como denuncia os meios de comunicação. A festa da gastança prossegue à solta, à torto e à direita.

Definitivamente como não reagir à tanta denuncia, impunidade, insensatez e corrupção. Ninguém aguenta mais esta bagunça.  (Valdemir Caldas)